segunda-feira, 16 de agosto de 2010

TEMA DA VEZ


TEMA DA VEZ: ALCOOLISMO  
Texto de Letícia Gonçalves

 
“A gente era só amigo. Mas começamos a beber, e rolou um clima, não sei explicar. Parecia que com o tempo o narigão diminuía, o bigodinho ridículo desaparecia e, de repente, senti muita vontade de ficar com ele. Começamos a ficar alegres, rindo como duas crianças, e pulando sem parar. Depois, já estava contando a história da minha vida inteira para uma menina que eu nunca tinha visto. Em questão de segundos eu ria, e depois chorava. A parte divertida, na verdade, durou pouco. Ainda não era uma da manhã quando eu corri para o banheiro, que estava ocupado. Esperei algum tempo, e a moça saiu. Coitada, tarde demais. Acabou levando uma lembrança minha para casa. Ou melhor, do meu jantar. Depois disso, não me lembro de mais nada. Contaram algumas coisas que eu fiz, mas não sei até que parte é verdade. De alguns momentos, tenho flashes, e só me dei conta do que tinha feito depois que me contaram”. E.M., 17 anos.
• Aproximadamente 4,6 milhões de adolescentes entre 14 e 17 anos apresentam, a cada ano, problemas relacionados ao álcool. Entre eles o baixo desempenho escolar e, em casos extremos, abandono dos estudos. Porém, os indícios que aparecem antes disso devem servir de alerta.
• Lembranças em flashes, alteração de humor e necessidade de álcool para conseguir curtir uma festa, são sintomas pouco levados a sério, mas importantes na identificação da dependência.
• O alcoolismo atinge de 10% a 12% da população mundial e, segundo estudos psiquiátricos, principalmente nas mulheres, pode estar ligado a problemas como depressão, ansiedade, anorexia e bulimia. Em excesso, a bebida causa problemas renais, hepáticos e circulatórios, além de gerar transtornos sociais, e dificuldades de relacionamento familiar.
• “Artistas de sucesso como a cantora Amy Whinehouse, frequentemente vinculados ao uso de bebidas e outras drogas ilícitas, são uma referência ruim para os adolescentes” diz a professora e psicóloga Tatiana Magagnin.
• Segundo ela, a família é o principal modelo de identificação do jovem, apesar de a adolescência ser um período de maior ligação com os amigos. O exemplo em casa é, portanto, fundamental, assim como o estímulo também é importante fator para a iniciação do adolescente no alcoolismo.
• A bebida apenas dá coragem, mas não muda a personalidade. É a velha história: a bebida entra, e a verdade sai.
• Vomitar, fazer feio, decepcionar pessoas queridas: a corrida por adaptação a um grupo social, contraditoriamente, é o que gera problemas sociais, não raro, irreparáveis. E não é preciso que se fale apenas dos casos de desequilíbrio total. Muitas vezes o adolescente bebe para parecer legal, e tudo que consegue é uma péssima fama no seu círculo de amigos.
• Essa irresponsabilidade pode acarretar em dependência, antes mesmo de chegar à idade adulta. “O etanol em nosso organismo pode se oxidar em etanal, um aldeído extremamente tóxico e, por isso, dependendo da quantidade pode levar ao coma, e à morte. A dependência está associada à dopamina, um neurotransmissor que desencadeia a sensação de prazer”, explica o professor de química Anselmo Mumic.
Dependência é, em verdade, um assunto muito relativo. Por isso, não se deve levar em conta exemplos próximos. Você sabia que existe um gene para alcoolismo? As pessoas que têm essa característica genética se viciam mais rápido, e demoram para conseguir se livrar do problema. Além disso, o peso corporal e até o tamanho da pessoa influenciam: duas pessoas que consumam a mesma quantidade de bebida poderão levar mais ou menos tempo para sentir seus efeitos, dependendo desses fatores. E ainda que a pessoa seja o que chamamos de “forte”, raramente demonstrando embriaguez, o consumo excessivo de álcool prejudica seus órgãos internos.
• A solução não está unicamente em parar de beber: quando você atingir o limite que estabeleceu para si, tome um copo de água ou suco. Aceitar bebida por pressão dos amigos, já é sinal de que as coisas não estão bem. Aliás, aceitar bebida de outras pessoas nunca é uma boa pedida.
 Professora e Psicóloga Tatiana

Professor Anselmo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores